Escrevendo pelos cantos das páginas

Quanto mais eu fotografo, mais as palavras fogem de mim. Eu que sempre gostei de escrever, que vim do jornalismo e que busco explicações e conceitos para tudo…
Quanto mais eu delimito o meu olhar a esse quadradinho tão pequeno da câmera, mais a minha cabeça se abre e menos óbvias ficam a vida e as pessoas. Esse mundo desconhecido de cada ensaio me desconstrói, me movimenta e me mostra o quanto pode ser limitante essa busca constante por palavras que expliquem o que se passou ali.
A partir de agora estou mais livre ao escrever sobre as minhas experiências fotográficas, sobre o que esses encontros com outras mulheres têm me trazido… Volto lá ao meu livro de cabeceira para entender para onde tem ido o meu trabalho. “Escrever para os lados também. Aceitar que isso não esteja ‘acabado’, mas que a pista valha pelos seus múltiplos recruzamentos com todas as outras pistas” (Didi-Huberman).
Sobre o meu encontro com Maiza no ano passado deixo mais pistas do que palavras. Deixo Maiza em imagens, em rastros que talvez nos levem a algum lugar ainda maior. Deixo essa foto que fala de uma mulher que se olha no fundo dos próprios olhos e reafirma o quanto ela é incrível, o quanto ela é empoderada… Agora coloco as palavras de lado. Vou olhar para a foto de Maiza e talvez eu volte para escrever pelos cantos da página…

O ensaio completo já está na galeria do site no link: marinacostafotografia.com.br/galeria/maiza/#pid=1
.
Retratos para Maiza

É que todo dia a gente tenta se desagarrar de um corpo imaginário. É que todo dia a gente tenta se enxergar da forma que realmente somos. É que ainda tem um mundo aí fora que dita o que a gente tem que ser. Por aqui não nos enganamos mais. Mulheres em movimento constante.